quinta-feira, 2 de abril de 2009

Brasil, um país de todos?

Hoje um amigo meu me enviou algo escrito por ele e que me surpreendeu muito, tanto que resolvi postar aqui.

Segue o texto.

No dia 29 de março de 2009, o Brasil teve a oportunidade de ver no “Fantástico” mais uma vez, um dos grandes absurdos que envolvem nossa nação. Em pleno centro do país, em Goiás, a merenda chega à escola através de mulas. Parece mentira, porém é pura verdade. Um percurso que chega a durar três dias de viagem. No entanto, as autoridades parecem fechar os olhos para essa realidade.
Na reportagem, foi mostrada a escola – se é que podemos denominar aquilo que foi mostrado de escola, pois a estrutura nos remete a um tempo colonial e jesuítico – onde precariamente as crianças são alfabetizadas. Carteiras quebradas, apenas um pedaço do quadro negro; um ambiente dividido sem paredes para duas classes. Enquanto isso, os salários dos deputados e senadores cada vez mais altos e cada vez mais gozando de regalias.
Um Brasil que parece em nada diferente daquele da era colonial. Os governantes fazendo pouco caso da educação. E a pergunta que não quer calar: Onde se encontra o Ministro da Educação e seus secretários? Onde se encontra o Estado num momento como esse? E quando visitamos o site do Ministério, conhecemos o “Ensino a Distância”. Ironia ou não, mas distância é a única coisa que existe entre o ministério da Educação e a verdadeira necessidade de educação que existe para cada uma daquelas crianças no serrado goiano. Distância é a atitude que o Ministério mantém dessa realidade, que certamente até desconhece. Distância é a realidade que cada criança tem que percorrer cada dia, andando cerca de uma hora para chegar à escola e isso quando não chove. È lamentável, mas é pura verdade.
Fala-se em ensino à distância, em levar educação a todos os cantos do país, a cada brasileiro, por mais longínquo que seja o local onde haja necessidade de educação. Fala-se em levar educação através da TV, da internet, e enfim através de todas as formas de comunicação possíveis e viáveis. Mas, a prática verdadeiramente não condiz com a teoria. Ainda no site do Ministério, encontra-se “Para a educação melhorar, todos devem participar”. Simplesmente é verdade. Agora se todos têm que participar, o primeiro a tomar uma atitude responsavelmente correta é o próprio Estado. Ele tem que ser o primeiro a se envolver, a se comprometer em cumprir o seu papel, diminuindo definitivamente essa distância que existe entre a teoria e prática.
O Estado sim tem que assumir o seu papel, hoje vergonhosamente desempenhado. O sentimento de ira nos toma quando tomamos conhecimento de que fatos como esse ainda acontecem em pleno centro do país. É revoltante, quando nos deparamos com casos como esses, onde as professoras chegam a dizer que o Estado são eles, os educadores. Quando um país tão grande e tão rico como o Brasil chega a essa situação, podemos apenas lamentar e prever que o futuro que nos aguarda não é um dos mais promissores possíveis. O que podemos esperar quando ainda se vive situações como essas em que, não havendo merenda escolar, não há aula? O que podemos esperar se crianças tão pequenas ainda não tiveram a oportunidade de conhecer um carro? O que podemos esperar se em pleno século XXI, existem crianças que necessitam andar mais de uma hora para assistir uma aula e ainda o fazem sem pelo menos ter tomado um café e comido um pedaço de pão?
Sinceramente é vergonhoso para um país como o nosso viver cenas tão brutais, pois, não podemos classificar casos como esses com outro adjetivo. É brutal, é vergonhoso, é lamentável, é deprimente, ridículo, é inadmissível. Quando chegamos a uma situação onde os próprios educadores se autodenominam de Estado, apenas o que podemos esperar é futuro sem expectativas, pois, quem mais tem condição e obrigação de fazer não o fazem, simplesmente por omissão e falta de compromisso.
O Brasil ainda está longe de viver uma educação exemplar. O Brasil ainda está longe de diminuir o analfabetismo. O Brasil ainda está longe de acabar com cenas como essas, porque falta atitude, falta querer fazer, falta sentir a dor que os educadores realmente sentem a cada dia daquela realidade escolar quando percebem a ausência de um aluno que não foi assistir à aula porque não tinha no mínimo café da manhã para tomar. O Brasil ainda está longe de mudar, porque o Estado não tem sentimento, não sente em suas entranhas a dor que um educador vivencia quando ele chega para ministrar a sua aula e olha que não tem giz, não tem carteira, não tem um quadro adequado, quando não tem até mesmo alunos.
O retrato do Brasil ainda é esse, onde o Ministério da Educação prega uma educação a distância e onde todos devem participar, mas, que na verdade pratica um discurso totalmente distante da realidade escolar, onde é a área que primeiro ele deve dar o exemplo maior de participação. Queiramos nós, que seja esse um país de todos, onde haja educação, onde sem sombra de dúvidas todos devem ser inseridos, indiscutivelmente.

Jahilton Magno - professor, brasileiro e indignado. (magnopoema@hotmail.com)

Um comentário:

  1. Minha rosaaaaaa q texto lindo e real, ameiiii!!!

    Bj loiraça do Posto!

    Ei amiga como faço pra colocar essas reações abaixo dos meus textos no blog?

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